«Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher» (Gl 4,4). Ganhamos um Menino, que nasceu para nós, e ganhamos uma Mãe.
Por isso, neste primeiro dia do ano, dias após o nascimento de Jesus, a Igreja celebra Santa Maria, a quem amorosamente chama de Mãe. Mãe de Deus e nossa Mãe.
Celebramos, também o Dia Mundial da Paz.
E a nossa experiência humana diz-nos que não há paz como a do colo da mãe. Por sua vez, a nossa fé diz-nos que não há paz como a d’Aquele que nasceu do ventre de Maria, o Príncipe da Paz.
Tudo isto é motivo de alegria e celebração no início de um novo ano civil, grávido de esperança num futuro melhor, em que possamos superar a crise provocada pela Covid-19, que se veio juntar à já grave crise «climática, alimentar, económica e migratória» (Cf. Mens. Dia Mundial da Paz, nº 1).
Também a primeira palavra que Deus nos dirige neste novo ano é de bênção: «O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz» (Nm 6,24-26)
O dizer de Deus é abençoar.
O nosso desejar feliz ano novo a alguém deve ser também abençoar; e abençoar deve ser a nossa linguagem no resto do ano. Nunca amaldiçoar ou maldizer mas sempre abençoar e bendizer.
Abençoar é meio caminho andado para fazer crescer em nós e naqueles que nos rodeiam sentimentos de fraternidade, de corresponsabilidade e necessidade de cuidado uns dos outros.
Na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, o Papa Francisco propõe, precisamente, “A cultura do cuidado como percurso de paz”.
A experiência mostra-nos como os tratados de paz são tantas vezes frágeis e que a verdadeira paz é a que brota do ventre de Maria e germina no coração dos homens.
Ao fazer de Adão guarda da criação, Deus confia-lhe a missão de cuidar. Não como Caim cuidou de seu irmão Abel, matando-o (Cf. Mens. Dia Mundial da Paz, nº 2), mas como Jesus cuidou de nós, com o dom da sua vida e entrega (Cf. Mens. Dia Mundial da Paz, nº 4).
Para o Santo Padre, os cristãos encontram na doutrina social da Igreja os princípios «donde se pode haurir a ‘gramática’ do cuidado: a promoção da dignidade de toda a pessoa humana, a solidariedade com os pobres e indefesos, a solicitude pelo bem comum e a salvaguarda da criação» (Cf. Mens. Dia Mundial da Paz, nº 6).
Exemplo disso esperamos que seja a justa e equitativa distribuição de vacinas para a Covid-19 por todos os povos da terra para que também os mais pobres possam dela beneficiar. Assim, a competição dará lugar à colaboração, a uma ética do cuidar, geradora de paz.
Peçamos ao Senhor, pela intercessão de Maria, Mãe de Deus e Mãe da Esperança, um ano abençoado para toda a humanidade.
Feliz Ano Novo!
Leituras:
1ª: Nm 6, 22-27. Sl 66 (67), 2-3. 5-6 e 8. R/ Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção. 2ª: Gal 4, 4-7. Evº: Lc 2, 16-21.