Eis-nos às portas da Semana Santa!
Jesus entra em Jerusalém!
Misturemo-nos com a multidão que agora grita «Hossana ao Filho de David» e mais logo assistirá à sua crucifixão e morte.
Jesus não viaja nem nas nuvens do céu nem montado num puro sangue lusitano. Nas nuvens do céu, inspiraria poder e temor. Num cavalo, pronto para a guerra, medo e pavor. Numa jumenta, emprestada, Ele cheira a gente normal, a pobres agricultores, a gente que vive da terra.
Este Jesus da Páscoa é, pois, afinal, o rei da humildade, da mansidão e da terra.
Sabe o que o espera. Pressente o que irá acontecer. Mas não foge. Aceita-o com total liberdade. Quer viver a sua morte como viveu a sua vida, em total doação e entrega, em confiante obediência a Deus, enchendo de propriedade as palavras do profeta Isaías: «O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo».
A situação gerada por esta pandemia desperta-nos para o grito dos doentes e dos pobres. O drama dos refugiados, outrora distante, de repente começa a beliscar-nos a carne.
[E a resposta, em geral, quer da sociedade civil, quer da Igreja Católica, tem sido positiva]
Sim, no caminho para Jerusalém, afinal aqui tão perto, há pessoas caídas, há solidão, há pobreza, já há gente que perdeu o emprego, em muitos lares vai haver fome, muita fome, e luto, muito luto.
E nós? Doa o que doer, vamos entrar com Jesus na cidade santa, «dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos» e tocar nas chagas da humanidade? Ou vamos fechar os ouvidos à voz de Deus e ao grito dos pobres e dar um coice em tudo aquilo que dizíamos acreditar?
Leituras:
1ª: Is 50,4-7. Salmo 22/21,8-9.17-18a.19- -20.23-24 R/ Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes? 2ª: Fl 2,6-11. Evº: Mt 26,14–27,66. I Semana do Saltério.