Desde o anúncio oficial da JMJ Lisboa, em janeiro de 2019, na JMJ do Panamá, que pudemos sentir que o nosso coração ansiava por podermos encontrar o Papa Francisco no nosso país. Começamos a nossa preparação no início de 2022, sempre com o apoio (e enorme entusiasmo!) do nosso Pároco, Frei Fernando Alberto, e sempre muito bem acompanhados (em todos os desafios e mais alguns!) pelo Frei Miguel Grilo. O grupo do Amial contou com 40 jovens, de diferentes idades e vivências. Alguns já tinham participado numa (ou mais) JMJ, outros pouco ou nada tinham ouvido falar. Alguns já pertenciam à nossa Paróquia há alguns anos, outros encontraram uma nova casa graças à JMJ. É impossível dar o nosso testemunho em Lisboa, sem mencionar primeiro a semana que lhe antecedeu. Os Dias na Diocese, na Diocese do Porto, permitiram-nos viver momentos inesquecíveis, ao acolhermos 80 peregrinos, vindos do Canadá e da Polónia. Vimos a nossa Paróquia ganhar outra cor (e outras línguas!) durante quase uma semana. Pudemos ver a nossa comunidade paroquial a viver um pouco do espírito da JMJ, através das várias famílias de acolhimento que aceitaram o nosso desafio e receberam de coração aberto peregrinos nas suas casas. Levamos os jovens pelas ruas da nossa Paróquia, pelos caminhos da Quinta do Convento e pelas salas do Centro Social Paroquial. Em especial, pudemos viver na nossa Igreja, dois momentos únicos: uma Adoração ao Santíssimo e uma Eucaristia de Envio rezadas em 3 línguas diferentes, mas unidos a Deus num só coração, entre sorrisos e lágrimas.
E depois partimos. Embarcámos rumo a Lisboa, com um nervosismo miudinho e expectativas diversas. Ficamos alojados junto com a nossa Vigararia (Cidade do Porto) em Amora, Setúbal, onde fomos recebidos maravilhosamente por toda a comunidade paroquial. 8 dos nossos jovens ficaram em famílias de acolhimento, enquanto os restantes dormiram no Pavilhão da Escola Secundária Manuel Cargaleiro. Chegamos a 31 de julho, pelo que ainda pudemos aproveitar um primeiro dia com menos azáfama pelas ruas de Lisboa, para explorar os recintos onde durante a semana teríamos atividades. Dia 1 ganhámos a consciência da dimensão do que estávamos a viver. Todas as bandeiras e línguas, toda a alegria e felicidade – a juventude do Papa, ali unida! O dia foi especialmente marcado pela Eucaristia de Abertura, onde 4 jovens do nosso grupo foram Ministros da Comunhão, sendo que 3 deles como Ministros Eventuais da Comunhão, especialmente para a ocasião da JMJ. Um momento marcante para todos, sem dúvida! O primeiro dia também trouxe muitos desafios, principalmente no que tocou a questões logísticas e de transportes, mas que foram sendo ultrapassados ao longo da semana. Com o passar da semana, fizemos os maiores esforços para podermos participar um pouco em todos os momentos. Assistimos às catequeses na nossa Paróquia de acolhimento, percorremos a Feira Vocacional (e encontramos os nossos queridos Frades Capuchinhos!), visitamos o Parque do Perdão, exploramos os diferentes pontos de atividades espalhados pela cidade, entre tantas outras aventuras! Quinta-feira rumámos à Colina do Encontro, com alguns imprevistos (precisando de apanhar vários Ubers, imagine-se!), para participarmos na Cerimónia de Abertura, onde pudemos finalmente estar com o Papa Francisco. Quis Deus que, ‘sem querer’, acabássemos por ficar num lugar muito perto da passagem do Papa. Pessoalmente, guardo com muito carinho a imagem de vários jovens do nosso grupo com um sorriso indescritível no rosto e os olhos a reluzir com as lágrimas, após este momento. Tivemos a mesma bênção no dia seguinte, na Via Sacra, em que a Sua Santidade passou bem perto de nós, novamente! E depois chegou o fim-de-semana. Para quem já tinha vivido outras JMJ, sabíamos o dia exigente que nos esperava. Passamos momentos mais stressantes que outros, mas juntos conseguimos chegar ao Campo da Graça, por entre multidões e transportes cheios. Ficamos junto ao rio e não muito longe do tão falado Altar Palco. Depois de nos ‘instalarmos’ (em pequenos grupos, dada a confusão) e explorarmos a comida requintada que o kit do peregrino trazia, preparamo-nos para o grande momento da Vigília. As palavras nunca farão jus ao momento que vivemos. Como grupo, temos uma grande proximidade à Adoração do Santíssimo e estar ali, junto de 1,5 milhões de jovens, foi indiscritível. Marcou-me, pessoalmente, o som dos grilos aquando do profundo silêncio que se fez sentir no Campo da Graça naquele momento. A noite desceu e a aurora raiou. Se bem que raiou mais cedo para os 4 jovens ministros da comunhão, que tiveram de percorrer perto de 4km para dar a Comunhão no setor em que estavam escalados! Os restantes, amanhecemos com o Padre Guilherme, com boa disposição e sorriso no rosto, e já a sentir o calor pesado que o dia nos preparava. A Eucaristia de Envio foi um lugar de fortes emoções. Saímos convictos da graça que tínhamos acabado de viver, do momento único que tínhamos acabado de testemunhar. E saímos, claro, com um convite e uma meta: o Jubileu dos Jovens, em Roma em 2025. Embarcamos numa última aventura – sair do Campo da Graça, com 40 graus, e regressar à Amora. Depois de mais imprevistos do que a memória possa contar e com o grupo a experimentar quase todo o tipo de transportes (autocarro, barco, comboio, carro!), chegámos à Amora, de onde partimos de regresso ao Porto, com cansaço no corpo, mas um calor especial no peito!
Termina assim a partilha do nosso testemunho, na certeza de que muitas mais palavras podiam ser ditas sobre esta semana! Acima de tudo, estamos seguros de que o nosso coração cresceu graças ao tanto que viu, que sentiu, que guardou. “Jesus vive e não nos deixa só, não mais deixaremos de amar” – rezava, assim, o nosso hino. E rezaremos nós, pela nossa vida fora, na certeza de que nunca esqueceremos o que vivemos!