São Conrado de Parzham foi o segundo santo alemão canonizado depois da separação luterana da Igreja. O anterior fora também um capuchinho, São Fiel de Sigmaringa.
Chamado no batismo Conrado Birndorfer, nasceu a 22 de Dezembro de 1818 numa numerosa família, proprietária de uma quinta em Venushof, no vale de Rott, na diocese de Passavia. Órfão aos 16 anos, dedicou-se ao trabalho do campo distinguindo-se já então pela prática da virtude e pelo espírito de oração. Sentindo-se chamado à vida religiosa, entrou, aos trinta e um anos, na Ordem dos Capuchinhos e ali fez a sua profissão a 4 de Outubro de 1842. Destinado ao ofício de porteiro no convento e santuário de Altotting, na Baixa Baviera, ali permaneceu durante quarenta e três anos, edificando os seus irmãos e os muitos peregrinos com a prática da caridade e uma paciência inalterável.
Grande devoto da Virgem Maria e da Eucaristia, dotado de dons extraordinários, entre os quais o dom da profecia, provocou um despertar da fé em todas as regiões onde se foi difundindo a fama da sua santidade. Animado pelo zêlo apostólico, entregou-se também à beneficência sobretudo em favor de crianças e jovens abandonados ou em perigo, conhecidos pelo nome de Liebesswerk.
A 18 de Abril de 1894, depois de ter servido à mesa, foi para a portaria e ali começou a sentir-se mal. Pediu a um irmão para o substituir no seu trabalho, esperando que lhe voltassem as forças. Entretanto, elas não voltaram mais. Depois da oração de Vésperas, foi ter com o Guardião e, com toda a humildade, assim lhe falou “Padre, não posso mais.” Este mandou-o para a cama, na cela chamada de Nossa Senhora.
Frei Conrado, sem deixar notar que sofria, apertando nas mãos o crucifixo e o terço, entregou-se à oração. Na manhã de 21 de Abril, recebeu a sagrada comunhão e quis receber também a Unção dos enfermos e a absolvição geral. A calma e a serenidade que resplandeciam no seu rosto não permitiam esperar que a sua morte estivesse eminente. Em dado momento, ouvindo tocar repetidamente a campainha da porta, fiel até ao fim, ao seu dever, com grande esforço, levantou-se e tentou sair. As suas forças, porém, já não lho permitiram. Passou, naquele instante, um noviço que o levantou e, com a ajuda de outro o deitou na cama. Entrou logo em agonia. Um dos sacerdotes presentes recitou então as preces dos agonizantes e, às oito horas da tarde, no momento do Angelus, balbuciando fervorosas orações, com o olhar fixo no céu, morreu santamente. Era o dia 21 de Abril de 1894. Contava 76 anos de idade. A notícia da morte de São Conrado atraiu logo uma multidão de devotos, sobretudo crianças, que vieram venerar os seus restos mortais.
Aprovados os milagres que lhe foram atribuídos depois da sua morte, Pio XI beatificou-o em 1930 e, com uma rapidez fora do normal, inscreveu-o no Catálogo dos Santos, canonizando-o a 20 de Maio de 1934.
Oração
Deus de misericórdia, que por meio de São Conrado de Parzham quisestes abrir a porta da vossa misericórdia aos fiéis, súplices vos rogamos a graça de vivermos segundo o seu espírito de pobreza e humildade no serviço dos nossos irmãos. Por Nosso Senhor.
Hino a São Conrado de Parzham
Estou unido sempre a Deus, meu sumo bem
De uma Carta de São Conrado de Parzham, religioso
(Carta autobiográfica: Arquivo Geral OFMCap)
Foi vontade de Deus que abandonasse tudo o que era mais querido e grato; e dou-Lhe graças constantemente por me ter trazido para a vida religiosa, na qual encontrei paz e felicidade, como nunca a tinha desfrutado no mundo.
A minha forma de vida consiste principalmente nisto: amar e padecer, contemplando, adorando, admirando constantemente o inefável amor que Deus manifesta para com as criaturas mais humildes. E nunca se consegue chegar ao fundo deste amor de Deus.
Estou unido sempre com Deus, meu sumo bem, e não não há coisa alguma que me possa separar d’Ele; digo mais: quanto maiores são as ocupações que tenho, tanto mais aumenta e sinto em mim esta união com Deus. Trato e falo familiarmente com Deus como um filho com o seu pai, redobro as minhas súplicas e os meus gemidos, e manifesto-Lhe com filial confiança tudo o que aflige e preocupa o meu espírito. E se alguma vez caio no pecado, peço-Lhe perdão com grande humildade, dizendo-Lhe que quero ser para Ele um filho bom e dócil, e que só desejo crescer na caridade, amando-O mais.
Quando necessito exercitar-me nas virtudes da mansidão e da humildade, basta-me fixar o olhar e contemplar o crucifixo, que é o meu livro. E, assim, olhar para Jesus crucificado é suficiente para eu saber enfrentar todas as situações. Desta forma, exercito-me na humildade, na mansidão, na paciência, numa palavra, aprendo a levar a minha cruz: mais ainda, essa cruz se torna para mim doce e o seu jugo suave.
Aceito com gratidão as alegrias e as penas como vindas das mãos do Pai celestial: porque Ele conhece melhor que ninguém o que mais nos convém. Por isso mesmo, alegro-me no Senhor, e só me doi não O amar como Ele merece. Oh, se eu chegasse a ser um serafim de amor! Desejo ardentemente que as criaturas me ajudem a amar a Deus sobre todas as coisas. Porque a caridade nunca acabará.