O Papa recordou no Angelus do dia 7 de novembro de 2021, os três mártires que no sábado foram elevados às honras dos altares em Manresa, Espanha: Benet da Santa Coloma de Gramenet e dois companheiros. “Os três - recordou o cardeal Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos - foram condenados à morte sem julgamento, simplesmente por serem cristãos”.
Foram mortos no período de perseguição religiosa do século passado na Espanha, demonstrando serem mansas e corajosas testemunhas de Cristo. Que o seu exemplo ajude os cristãos de hoje a permanecerem fiéis à sua vocação, também em tempos de provação. Um aplauso aos novos Beatos!
Com essas palavras no Angelus deste domingo, 7 de novembro, o Papa recordou dos mártires que a Igreja espanhola celebra no dia 6 de novembro, entre os 2053 mortos na perseguição religiosa no país no século XX. No sábado, dia 6, eles foram elevados às honras dos altares.
São eles Benet de Santa Coloma de Gramenet, Josep Oriol de Barcelona e Domènec de Sant Pere de Ruidebitllets, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.
Mártires em 1936 durante a Guerra Civil Espanhola, viveram num período marcado por um clima hostil contra a Igreja. Episódios de perseguição foram registados no país já desde o início da década de 1930 na região das Astúrias. Mas é com a eclosão da guerra civil que a perseguição contra a Igreja se torna sistemática e feroz.
Em Manresa, na Catalunha, a partir de 18 de julho de 1936, começa uma perseguição sangrenta contra sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos. Quatro dias depois, em 22 de julho de 1936, o convento onde vivia Benet de Santa Coloma de Gramenet, Josep Oriol de Barcelona e Domènec de Sant Pere de Ruidebitllets foi ocupado, devastado e incendiado. Obrigados a refugiarem-se com parentes e amigos, os três frades capuchinhos, em datas diferentes e em circunstâncias semelhantes, foram sequestrados, torturados e assassinados.
No rosto de cada mártir um traço de Cristo
Durante a Missa de beatificação na Basílica de Santa Maria de la Seu, em Manresa, o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, recordou que "os três foram executados sem julgamento, mas simplesmente por serem cristãos". Quando estourou a Guerra Civil, "foram capturados", submetidos a "espancamentos e humilhações". Ao padre Benet foi "pedido que blasfemasse e negasse a fé em Cristo".
“A história deles - disse o cardeal na homilia - assemelha-se à de todos os outros mártires; uma história que, embora se repita por séculos até aos dias de hoje na história da Igreja, é sempre uma história singular, porque cada um é, diante de Deus, único e irrepetível e, em Jesus Cristo, sempre chamado pelo seu próprio nome inconfundível".
“De forma que, no rosto de cada mártir - acrescentou o cardeal Semeraro - encontramos um modelo original do qual intuir um traço do rosto de Cristo: é sempre Ele, de fato, quem concede a cada um a firmeza da perseverança e dá a vitória no combate". Os três novos beatos, por caminhos diferentes, chegaram a Manresa onde suas vidas se entrelaçaram com o caminho do martírio.
“Bem-aventurados sois vós, porque o Espírito de glória, o Espírito de Deus repousa sobre vós; [...] "Se, porém, padecer como cristão, não se envergonhe; pelo contrário, glorifique a Deus por ter esse nome." (1 Pd 4, 14,16)”
Benet de Santa Coloma de Gramenet
Nascido na aldeia de Santa Coloma de Gramenet em 6 de setembro de 1892 numa família camponesa humilde e profundamente católica, Benet sentiu a vocação ao sacerdócio em 1903 e ingressou no Seminário Menor de Barcelona. Depois de alguns anos, vestiu o hábito capuchinho em 18 de fevereiro de 1909 no noviciado da Província de Barcelona de Arenys de Mar e emitiu a primeira profissão em 20 de fevereiro de 1910. Foi ordenado sacerdote em 29 de maio de 1915. A vida religiosa desenvolveu-se dentro das duas casas de formação de Igualada e de Manresa.
Josep Oriol de Barcelona
Nascido em Barcelona em 25 de julho de 1891 Josep Oriol ingressa no seminário da cidade catalã. Sentindo forte atração pela vida capuchinha, em 21 de outubro de 1906 iniciou o noviciado, continuando a formação no convento de Igualada e posteriormente no de Olot e Sarriá em Barcelona. Foi ordenado sacerdote em 29 de maio de 1915. Leciona liturgia, hebraico e história eclesiástica no estúdio teológico de Sarriá. Em 1925 foi transferido para o convento de Manresa. Lá se dedica à pregação, ao ministério da confissão e à direção espiritual.
Domènec de Sant Pere de Ruidebitllets
Nascido em 11 de dezembro de 1882 numa família de camponeses, Domènec ingressou no Seminário de Barcelona em 1897. Concluiu os estudos filosófico-teológicos e foi ordenado sacerdote em 25 de maio de 1907. No ano seguinte, 3 de outubro de 1908, entrou no noviciado capuchinho. Durante o período da formação inicial na vida capuchinha, dedicou-se frutuosamente à pregação e ao ministério da confissão. Em 1913, ele foi como missionário para a Costa Rica e Nicarágua. Regressou então à Catalunha em 1930. Foi enviado primeiro ao convento de Sarriá, depois ao de Arenys de Mar e por último ao de Manresa.