Durante a Revolução Francesa muitos foram os sacerdotes diocesanos e religiosos que sofreram duro martírio pela sua fidelidade a Jesus Cristo e à sua Igreja. Suportaram todo o género de privações e crueldades. Dos 829 que foram deportados para a cidade de Rochefort, no dia 25 de Maio de 1794, vieram a sucumbir 547. Entre eles contam-se 3 Capuchinhos: João Baptista Tiago Luís Xavier Loir (1720-1794); João Bourdon (Protásio) (1747-1794); e Francisco François (1749-1794). João Baptista Sousy era sacerdote diocesano.
A autenticidade do martírio foi declarada por João Paulo II a 2 de Julho de 1994.
Oração
Senhor, que concedestes aos bem-aventurados João Luís, Protásio e Sebastião, a graça de se manterem fiéis e de perdoarem no meio de indizíveis sofrimentos, fazei que, por sua intercessão, permaneçamos fiéis à vossa Igreja, sempre dispostos a reconciliar-nos com os nossos irmãos. Por nosso Senhor.
Hino aos Beatos João Luís, Protásio e Sebastião
Semelhantes a Cristo na sua paixão
Do testemunho de Claudio Masson, sacerdote desterrado nos barcos de portagem de Rochefort
(Manual de educação cristã, III, Nancy 1815, pp. 330, 332-333)
Os nossos carcereiros consideravam-nos como detritos da natureza, que não tínhamos já nenhum direito ante a humanidade, e podíamos ser espezinhados como insetos desprezíveis, sem por isso ir contra a justiça.
Deus permitiu tudo isso para aumentar a recompensa dos nossos sofrimentos, concedendo-nos o dom de uma semelhança mais perfeita com o seu divino Filho na sua paixão ... Nada nos consolava tanto nos nossos sofrimentos, nada nos dava tantas forças nas nossas provas como o pensar em Jesus que reina no céu e desde o seu trono acompanhava os nossos combates; Ele que, antes de nós e por nós, tinha sido amarrado, açoitado, esbofeteado, cuspido, coroado de espinhos, a quem, na sua sede, deram fel e vinagre, foi pregado na cruz, e aos pés do qual os seus inimigos insultavam e injuriavam.
Esta visão espiritual do nosso Redentor trazia aos nossos corações uma doçura inefável: por isso, no que nos acontecia, só víamos uma razão de grande alegria. Sentíamo-nos felizes por termos sido eleitos, de preferência a tantos outros, a fim de imitar o nosso divino Mestre. Refletíamos que Jesus havia querido que ao longo dos séculos cada dogma de fé fosse de alguma forma mantido e consolidado na Igreja através do sangue de numerosos mártires, um número mais ou menos grande, dependendo da importância da verdade da fé que era combatida; e pensámos, então, que era verdadeiramente honroso para nós ser perseguidos e imolados para reforçar o ensino da autoridade espiritual, a qual não depende do poder do mundo e foi confiada pela vontade divina à Sé Apostólica e, em geral, a todo o episcopado.
Pouco tempo antes, o Senhor tinha manifestado a santidade de um de seus servos: o padre Sebastião, um capuchinho do convento de Nancy, que morrera num barco logo após a sua chegada.
Certa manhã, ele foi visto ajoelhado com os braços cruzados, olhando para o céu, com a boca aberta. Inicialmente, prestámos-lhe pouca atenção porque estávamos acostumados a vê-lo orar assim, mesmo durante a sua doença. Passou meia hora e estávamos espantados por o ver tanto tempo assim numa posição tão incómoda e difícil de manter naquele momento, porque o mar estava muito agitado e o barco baloiçava muito por causa da força das ondas. Num primeiro momento, pensou-se que ele estaria em êxtase, e aproximámo-nos para vê-lo mais de perto; mas, depois de ter tocado o rosto dele com as mãos, percebemos que ele entregara a sua alma a Deus naquela posição.
Chamámos então os marinheiros do navio, os quais, diante daquele espetáculo, não puderam conter os gritos de admiração e as lágrimas. A fé despertou então nos seus corações; e muitos deles, descobrindo os próprios braços, apontaram a todos a figura da cruz, gravada em sua carne com uma pedra incandescente; e tomaram a firme decisão de retornar à religião que haviam abandonado.