Nasceu em Aviano, província de Piedemonte, norte da Itália, em 17 de novembro de 1631, no seio de uma família digna e distinta. Foi batizado no dia do nascimento com o nome de Carlo Domenico Cristofori.
Junto com os dez irmãos, recebeu, na sua terra natal, uma boa formação cultural e espiritual, depois aperfeiçoada no Colégio dos Jesuítas da província de Gorizia. Lá aprofundou a sua cultura clássica e científica, enquanto intensificava a sua vida de piedade participando das congregações marianas.
A sua vida modificou-se quando, arrebatado pelo clima da guerra de Cândia, entre a República de Veneza e o Império Otomano, ele decidiu dar a sua vida em defesa da fé cristã, indo lutar contra o exército muçulmano. Mas, depois de dois dias, cansado e faminto, bateu à porta do Mosteiro capuchinho de Capodistria, onde recebeu o conselho de voltar à casa paterna.
Foi nessa curta convivência com os capuchinhos que ouviu o chamado de Deus e decidiu abraçar a vida austera franciscana. Em 1648, entrou no noviciado de Conegliano e , no ano seguinte, emitiu os votos religiosos com o nome de Marcos de Aviano. Depois dos estudos de filosofia e teologia, em 1655 foi ordenado sacerdote em Chioggia, onde viveu num forte compromisso de oração e de vida comum, na humildade e obscuridade. A partir de 1664, passou a dedicar-se ao apostolado da Palavra e ficou conhecido em toda a Itália, principalmente pelos sermões nos tempos do Advento e da Quaresma. Também desempenhou cargos de governo: em 1672, foi superior do Convento de Belluno e, em 1674, foi diretor da Fraternidade de Oderzo.
A sua vida modificou-se, de novo, quando foi enviado a pregar no Mosteiro de São Prosdócimo, em Pádua. Lá, por sua oração e bênção, curou uma religiosa que estava paralisada havia treze anos. Outras curas parecidas passaram a ocorrer. Assim, a sua fama de santidade, associada à do extraordinário carisma de pregação, fez crescer a sua popularidade, tanto que ele passou a ser solicitado pelos bispos de várias nações europeias.
Enchia igrejas e milhares de pessoas reuniam-se nas praças de Anvers, Augsburgo, Colónia, Mogúncia, Worms, Salzburgo para escutar a sua pregação, o seu chamado à conversão e à penitência. Apesar de ser um tempo de forte tensão entre católicos e protestantes, eles também iam escutá-lo e esperavam por sua bênção. Por isso foi considerado o precursor do "ecumenismo espiritual". Depois, o imperador Leopoldo I, de Augsburgo, fê-lo seu conselheiro e confessor, bem como da imperatriz Leonor.
Em 1683, a cidade de Viena estava para cair nas mãos do exército dos turcos muçulmanos porque os comandantes dos exércitos cristãos não se entendiam e dispersavam-se em discussões inúteis e perigosas. Foi então que o papa Inocêncio XI decidiu enviar Marcos na desesperada tentativa de uni-los para combater o inimigo comum. A sua intervenção foi tão eficaz que os turcos foram expulsos, Viena foi salva e a paz voltou à Europa. Por isso, na Áustria, na Alemanha e nos países da Europa do Leste, ele é celebrado como herói nacional e a sua figura histórica é estudada nas escolas.
Interrompeu a sua atividade apostólica por motivos de saúde. Teve tempo apenas de receber a bênção apostólica do papa, que lhe fora enviada por meio do núncio apostólico. Morreu em 13 de agosto de 1699, apertando nas mãos o crucifixo e assistido pelos imperadores Leopoldo I e Leonor.
Depois do solene funeral, foi sepultado na cripta dos Capuchinhos de Viena, ao lado da tumba dos imperadores. A sua sepultura tornou-se ponto de visita dos fiéis que agradeciam os milagres alcançados por sua intercessão. O papa João Paulo II beatificou frei Marcos de Aviano em 2003, designando a sua veneração litúrgica para o dia de sua morte.
Oração
Senhor, luz dos fiéis e pastor das almas, que destes à vossa Igreja o Beato Marcos de Aviano. para apascentar o vosso povo com a sua doutrina e o iluminar com o exemplo da própria vida, fazei que, por sua intercessão, perseveremos na fé que ele ensinou com a sua palavra e sigamos o caminho que ele mostrou pelo seu exemplo. Por Nosso Senhor.
Hino ao Beato Marcos de Aviano
Obrigado, Senhor, porque a tua misericórdia chega a todos
Das Chamas do amor divino: undécimo colóquio do coração, do Beato Marcos de Aviano, presbítero
(Kempten 1682, pp. 132-134)
Oh Deus, maravilha dos teus devotos, não nego absolutamente que se Tu tivesses de pesar as minhas muitas más obras na balança da justiça, no outro prato da balança só apareceria, sem que eu pudesse alterar, a eterna obscuridade e o abismo profundo; mas Tu, Senhor, tens outras intenções e a tua misericórdia prevalece de tal maneira, acima de tudo, que pões em último lugar a tua justa cólera.
Gloriava-me de ser teu inimigo, e tu, pelo contrário, não só perdoaste toda a minha culpa, mas até me contaste entre os teus filhos e me prometeste como herança, e preparaste para mim, o reino dos céus. É um excesso da tua liberalidade divina, que inunda de tal maneira a minha alma com uma torrente de gozo que não posso senão exprimir gratidão e reconhecimento a Ti, meu Deus.
Estes sentimentos quereria exprimi-los a minha alma e mostrá-los, de todas as maneiras possíveis, a todos os seres criados à imagem de Deus, para que cada um possa gritar com voz potente: Oh Deus, sê louvado, reconhecido, amado e engrandecido! Mas que é tudo isto comparado com a tua magnanimidade e a tua misericórdia!
Mesmo que não se possa circunscrever a eternidade dentro de nenhum limite, a minha obediência fará que todos os momentos da minha vida sejam expressões de louvor e de agradecimento e que estas se multipliquem mil e mil vezes, e que todos os que esperam, como eu, a celeste eternidade, se sintam chamados à permanente obediência filial, de maneira que o impossível se torne possível e da debilidade se tire força, para que todos possam encontrar a sua recompensa em amar-Te e em dar-Te graças.