Nasceu em Bréscia no ano de 1687, filha de condes. Era tão aplicada aos estudos, que aos 10 anos já lia corretamente textos latinos. Aos 13 anos fez voto de virgindade, e desde então foi vítima duma terrível aridez e fortes tentações, que a atormentaram durante quase dez anos.
Com 18 anos, ingressou nas clarissas capuchinhas de santa Maria das Neves, e entregou-se a duras penitências e árduo trabalho, procurando sempre as tarefas menos apetecíveis. Mas também, lhe foram confiados ofícios de responsabilidade, como mestra de noviças, encarregada da roda, vigária e abadessa.
Foi favorecida com fenómenos místicos como estigmas, êxtases, aparições. Talvez por isso, foi mal compreendida e mal-aceite por parte dos seus confessores e de algumas irmãs. Escreveu uma "Autobiografia", obra-prima de espiritualidade e de vida mística.
Morreu com 49 anos de idade. Foi Beatificada por Leão XIII em 1900.
Oração
Vós, Senhor Deus, que concedestes à Beata Maria Madalena imitar a Jesus, pobre e humilde, dai-nos por sua intercessão que, fiéis à nossa vocação, possamos chegar até Vós pelos caminhos da verdade e da justiça. Por nosso Senhor.
Hino à Beata Maria Madalena Martinengo
A alma humilde participa da santidade de Deus
Do Tratado sobre a Humildade, de Beata Maria Madalena Martinengo
C. A. Lainati, Temi spirituali degli scritti del II Ordine Francescano, I, Assis 1970, 571 ss.
Deus, essencialmente santo, é a própria santidade, e parece que neste atributo mais glória tem e por ele mais quer ser louvado do que por qualquer outro. O que vemos dos Espíritos mais altos, os anjos, pois cantam sem cessar «Santo, Santo, Santo», e no vasto silêncio adoram a santidade de Deus e, batendo as asas, se inflamam em amá-l’O cada vez mais, confessando, de rosto velado, que se sentem absolutamente incapazes de compreender, amar ou glorificar essa santidade que, todavia, nunca desistem de louvar.
De modo semelhante procede a alma humilde, participante que é da santidade de Deus. Primeiro fixa os olhos na sacrossanta humanidade de Jesus Cristo, Deus e Homem, e, observando nela o sumo grau da mais eminente santidade, grava na alma a sua imagem, e se propõe interiormente imitá-l’O; e, cumprindo o seu propósito, interior e exteriormente se reforma segundo o modelo que é Jesus Cristo. Pondo diante dos olhos esse divino modelo, e esculpindo-o no coração, pouco a pouco se vai tornando santa, e, penetrando mais e mais e com olhar mais simples descobre ou contempla uma santidade que é sempre maior, e cada vez mais se inflama em a imitar. Por outro lado, sentindo-se como se fora nada, deixa-se a si mesma e a toda a imagem ou figura, e assim despojada de si fica submersa em Deus que a santifica com a sua própria santidade.
O próprio Deus deseja que alcancemos a mais alta santidade, como no-lo revelou, ao dizer-nos: «Sede santos, porque Eu sou santo». E Jesus, antes da sua paixão, olhos e mãos levantadas ao Pai, suplicava: «Pai santo, santifica-os de verdade». Anima-te, pois, alma minha, e afunda-te nesse pélago de santidade sem nunca mais de lá sair, para te santificares com a mesma santidade de Deus. Não posso concordar com aqueles que só têm louvores para os que se distinguem em determinada virtude, por exemplo na abstinência, na mansidão ou na prática constante da humildade. Na minha forma de pensar, julgo que tanto mais santa será uma alma quanto mais se esvaziar de si mesma, porque quanto mais se esvaziar de si mesma mais participará da santidade de Deus. De verdade, ó meu Deus, só Vós sois santo! Fazei-nos a todos santos, Senhor, destruindo em nós tudo o que se opõe à vossa santidade.