1. A alegria de vivermos como irmãos
Orientador: Estamos aqui reunidos [todos fazem o sinal da cruz] em nome do Pai, + do Filho e do Espírito Santo. A Santíssima Trindade é a fonte do bem e do amor, fazendo de nós e da humanidade inteira uma grande família de irmãos. Com o cântico e o Salmo 133, expressemos a alegria “de vivermos como irmãos”.
Cântico: “Pax et Bonum…” (PV 70), ou outro apropriado.
Salmo 133/132: proclamado por um ou vários leitores. No fim, refrão do cântico anterior.
2. A história dos irmãos Caim e Abel
Orientador: Infelizmente, este ideal de fraternidade nem sempre existe, nem sequer entre os irmãos do mesmo sangue. Encontramos uma história dessas nas primeiras páginas da Bíblia, como quem diz: no início da humanidade.
Um leitor: (este texto-síntese de Gn 4 pode ser visualizado, com música de fundo)
Adão e Eva, após serem expulsos do jardim do Éden, tiveram um filho, chamado Caim, e, depois, outro filho chamado Abel. Abel foi pastor, e Caim, lavrador. Um dia, apresentaram ao Senhor as suas ofertas: Caim os frutos da terra e Abel os primogénitos do seu rebanho. Deus olhou com agrado para Abel e para a sua oferta, mas não olhou com agrado para Caim nem para a sua oferta. Caim ficou muito irritado e andava de rosto abatido. Dominado pelo ciúme, sugeriu a Abel que fossem ao campo e, chegando lá, lançou-se sobre o irmão e matou-o.
Deus disse a Caim: «Onde está o teu irmão Abel?» Caim respondeu: «Não sei dele. Sou, porventura, guarda do meu irmão?» Deus replicou: «Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama da terra até mim.» A partir daí, Caim carrega em si a maldição e vive como vagabundo e fugitivo sobre a terra. Temendo que ele fosse morto pelo primeiro que o encontrasse, Deus marcou-o com um sinal.
Afastando-se da presença do Senhor, Caim foi residir na região de Nod, ao oriente do Éden.
A sua descendência dá início a uma geração que prossegue nos caminhos do mal. Por sua vez, de Adão e Eva nasce outro filho, chamado Set, no lugar de Abel, com o qual se inicia uma geração que invoca o nome do Senhor.
3. Abel ainda nos fala
Orientador: Estamos perante uma história de dois irmãos, tomada como paradigma da luta fratricida entre as pessoas, desde o princípio da humanidade. O drama do paraíso chega, agora, ao “pecado” propriamente dito, isto é, à morte de outro homem, do irmão. Depois da revolta do ser humano contra Deus, no paraíso, vem a revolta dos seres humanos, uns contra os outros e entre os grupos que negam conhecer «onde está o irmão» (v.9). Mas Abel «fala ainda depois da morte», diz o autor do sermão aos Hebreus (11,4). E Deus também nos fala sempre que esta história se repete, como vemos nos textos bíblicos que vão ser proclamados. Abramos o coração a Deus e à sua Palavra, cantando:
Cântico: “Fala, Senhor, pela Bíblia” (PV 43), ou outro apropriado.
(durante o cântico, colocar a Bíblia aberta em lugar previamente preparado)
Quatro Leitores proclamam os textos bíblicos seguintes, intercalando o refrão “Fala, Senhor!” do cântico anterior. A cada leitura coloca-se junto da Bíblia uma letra de A-B-E-L.
1º. «Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde a origem… Esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que sendo do maligno, assassinou o seu irmão. E porque o assassinou? Porque as suas obras eram más, ao passo que as do irmão eram boas» (1 Jo 3,8a.10-12)
2º. «Ai dos falsos mestres! Enveredaram pelo caminho de Caim; por ânsia de lucro, precipitaram-se no extravio de Balaão e pereceram na rebelião de Coré. Estes são um escândalo nos vossos ágapes; banqueteando-se convosco sem respeito nenhum, o que fazem é cevar-se. São nuvens sem água arrastadas pelos ventos; árvores de outono sem fruto, duas vezes mortas e arrancadas pela raiz; ondas furiosas do mar a cuspir a espuma das suas desvergonhas; astros errantes, para os quais está reservada para sempre a mais tenebrosa escuridão» (Jd 11-13).
3º. «Vós tendes por pai o diabo, e quereis realizar os desejos do vosso pai. Ele foi assassino desde o princípio, e não esteve pela verdade, porque nele não há verdade. Quando fala mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira» (Jo 8,44). «Assim cairá sobre vós todo o sangue inocente que tem sido derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar» (Mt 23, 35).
4º. «Vós, porém, aproximastes-vos do monte Sião e da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celeste, de miríades de anjos, da reunião festiva, da assembleia dos primogénitos inscritos nos céus, do juiz que é o Deus de todos, dos espíritos dos justos que atingiram a perfeição, de Jesus, o Mediador da Nova Aliança, e de um sangue de aspersão que fala melhor que o de Abel» (Hb 12,24).
Partilha: À luz da história dos irmãos Caim e Abel e dos textos bíblicos proclamados, aplicando à vida e situações de hoje.
No fim, cantar um cântico apropriado, por exemplo “Cristo Jesus é Boa-Nova…” (PV 22).
4. Da lei da vingança à Misericórdia
Se for possível e se achar oportuno, pode ler-se notícias breves de crimes, tiradas dos jornais, e intercaladas com música estridente. A cada notícia, é colocada em lugar próprio uma das letras da palavra C-A-I-M e, junto dela, a notícia. No fim, canta-se “Pecámos, Senhor, contra Ti… Pecámos, Senhor, contra os irmãos…”, ou outro cântico apropriado.
Orientador: Se Caim dá início a uma geração que prossegue nos caminhos do mal, Abel dá início a uma geração que invoca o nome do Senhor e anda nos seus caminhos, os caminhos do bem. Com o desejo de deixar o mal e de fazer o bem, elevemos a Deus Pai a nossa oração, com as palavras do Senhor:
Todos: Pai nosso…
Publicado na Revista Bíblica (março-abril 2018), nº 375, pp.22-23