Maria de Magdala, dita Madalena, é referida 14 vezes nos Evangelhos.
É a única mulher citada pelos quatro evangelistas em primeiro lugar. Foi libertada por Jesus de sete demónios (Mc 16,9; Lc 8,2), isto é, da totalidade da possessão.
Madalena passa do estado de totalmente possuída ao estado de totalmente liberta, seguindo Jesus, colocando-se ao serviço do Senhor e dos discípulos durante toda a vida pública do Mestre e acompanhando-o até à sua morte no Calvário, fazendo parte do reduzido número que permanece com Ele até ao fim (Mt 27,56; Mc 15, 40; Jo,19,25) e assiste ao seu sepultamento (Mt 27,61; Mc 15,47).
A seguir, João dá-lhe um relevo preponderante, mostrando-a a correr ao túmulo de Jesus por amor e apresentando-a como a primeira testemunha da Ressurreição: «No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu retirada a pedra que o tapava. Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: “O Senhor foi levado do túmulo e não sabemos onde o puseram”» (Jo 20,1-2).
Maria Madalena é uma das sete mulheres a quem Jesus chama com o vocativo «mulher» (Jo 20,13.15): «E Jesus disse-lhe: “Mulher, porque choras? Quem procuras?” Ela, pensando que era o encarregado do horto, disse-lhe: “Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou buscá-lo.” Disse-lhe Jesus: “Maria!” Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: ”Rabbuni!” – que quer dizer: “Mestre!”» (Jo 20, 15-16).
Finalmente, é ela que anuncia a Páscoa, por mandato recebido do Senhor: «Maria Madalena foi anunciar aos discípulos “Vi o Senhor!” E contou o que Ele tinha dito» (Jo 20,17-18).
«Deste modo ela torna-se “evangelista”, ou seja, mensageira que anuncia a Boa Nova da ressurreição do Senhor; ou ainda, como disseram Rábano Mauro e São Tomás de Aquino, “apóstola dos apóstolos”; pois anuncia aos apóstolos aquilo que, por seu lado, eles anunciam a todo o mundo.»
E assim, «por desejo expresso do Santo Padre Francisco, a Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos publicou um decreto, com a data de 3 de junho de 2016 [intitulado Apóstola dos Apóstolos], com o qual a celebração de Santa Maria Madalena, até agora memória obrigatória», era «elevada ao grau de Festa no Calendário Romano Geral.»
E situando o gesto do Papa no ano da misericórdia, o decreto dizia: «A decisão inscreve-se no atual contexto eclesial, que pede uma reflexão mais profunda sobre a dignidade da mulher, a nova evangelização e a grandeza do mistério da misericórdia divina. […] Por isso, é mais apropriado que a celebração litúrgica desta mulher tenha o mesmo grau de Festa que as celebrações dos apóstolos no Calendário Romano Geral, revelando a especial missão desta mulher, que é exemplo e modelo para cada mulher na Igreja.»