A Carta Programática dos Capuchinhos para o triénio 2023-2026, no número 3.3., determina a abertura de uma Fraternidade Itinerante de Presença e Apostolado numa diocese do interior do país, como uma materialização da vocação missionária dos irmãos e dos grupos missionários e como resposta concreta ao apelo do Papa Francisco a sermos, com ele, Peregrinos da Esperança.
É assim que se deve entender a abertura de uma Fraternidade em Argozelo, na Diocese de Bragança-Miranda, há pouco mais de um ano. Um gesto de louvor ao Senhor e de amor à sua Igreja, de fascinação e encantamento por Deus, e de desprendimento e vitalidade vocacional dos irmãos.
Segundo a referida Carta Programática, esta fraternidade deveria ser “constituída por três irmãos a tempo inteiro”, o que ainda não foi possível, mas que se espera venha a acontecer, pois a missão faz-se dia a dia, rosto a rosto, coração a coração, testemunhando a alegria da vida em comum.
E para quê uma presença de três irmãos a tempo inteiro numa das dioceses do país que mais sofre com o envelhecimento populacional e despovoamento das aldeias, e que assistiu nos últimos anos a uma forte redução do clero diocesano e ao encerramento de várias comunidades religiosas?
Precisamente porque é onde se tornam mais urgentes sinais de esperança! E porque é próprio do nosso carisma franciscano-capuchinho o empenho em “missões proféticas, que expressem a nossa solidariedade com os pobres e marginalizados, colocando-nos ao seu lado para transformar o mundo segundo o espírito evangélico de fraternidade.” (Cf. VII CPO, 2004, n. 48)
A Diocese emprestou-nos uma casa em Argozelo, no município de Vimioso, onde somos chamados a viver a nossa consagração, e a ser, antes de mais, presença, por meio de uma vida intensa de oração comunitária e pessoal, da realização dos trabalhos domésticos e, como qualquer família transmontana, do cuidado da horta. Sem a presença, a nossa vida tornar-se-ia uma ideia, uma ideologia, desprovida de corpo, de testemunho evangélico.
Os irmãos exercem o seu apostolado sobretudo ajudando o bispo diocesano na preparação das visitas pastorais, através de uma formação bíblica de quatro ou cinco dias. Isso deverá permitir-nos, ao fim de três anos, ter percorrido praticamente toda a diocese e contactado com a sua população.
Chegam-nos, cada vez mais, pedidos de outras formações e pregações, que não podem ser entendidas como ações isoladas, eventos a apontar na agenda, mas no contexto de uma presença profética neste vasto território, junto das pessoas e do clero diocesano.
Em meados de 2024, realizou-se uma Missão Evangelizadora Itinerante, que envolveu dois diáconos, uma religiosa, quatro irmãos capuchinhos, e dezenas de leigos de Barcelos, numa semana missionária onde, mais do que fazer coisas, houve partilha da vida e celebração da fé.
É esta presença e apostolado que esperamos poder consolidar em 2025.
As comunidades cristãs em Portugal, cujo cuidado pastoral nos está confiado, irão fazer uma coleta em favor da FIPA no dia 19 de janeiro ou noutra data mais conveniente. Obrigado, desde já, pela vossa generosidade.