O Museu de Roma, no Palazzo Braschi, faz uma exposição dedicada ao Santo de Assis até 6 de janeiro de 2025. O projeto sobre o manuscrito mais antigo do Cântico das Criaturas, um dos primeiros textos poéticos do vernáculo italiano, propõe um itinerário, acompanhado de uma narração multimédia, de 93 obras raras conservadas no Sagrado Convento.
O projeto, através dos manuscritos do Sagrado Convento de Assis, é acompanhado de uma polifonia, que transportam à região da Úmbria do século XIII. As palavras são do Laudato Si’ (Seja louvado): nove vozes, correspondentes aos temas e secções da exposição, entoam um canto coral, levando os visitantes a mergulhar na plenitude do Cântico das Criaturas, através do qual podemos reconhecer a unicidade e a beleza do Universo. Os visitantes são acolhidos na sala pela exposição “Laudato Si’, natureza e ciências: património cultural de São Francisco", dedicada ao Santo de Assis e à sua obra. As imagens do Irmão Sol e Irmã Lua, além do Irmão Fogo e a Irmã Água, projetadas na parede da entrada do salão, criam um cenário perfeito para o percurso, que leva à exploração de 93 manuscritos dos escritores franciscanos.
A exposição
A exposição, que ocupa o centro do projeto, criado entre as paredes do século XVIII do Palazzo Braschi, em Roma, foi organizada nas vésperas do oitavo centenário da composição do “Cântico das Criaturas” de São Francisco, que ocorrerá em 2025. A iniciativa, que teve início no último dia 2 de outubro e irá até 6 de janeiro do próximo ano, foi precedida por uma conferência de imprensa de apresentação, que contou com a presença, entre outros, do Custódio do Sagrado Convento de Assis, Frei Marco Moroni, e de autoridades de Assis e de Roma.
O percurso
A exposição, dividida em diferentes secções, narra a profunda dimensão filosófica e espiritual, que sempre orientou a Ordem Franciscana, e ilustra seu compromisso intelectual, expresso no campo da reflexão científica, como atestam os numerosos tratados dos preciosos manuscritos expostos. Enfim, o visitante poderá apreciar, ainda que brevemente, a síntese filosófico-teológica dos primeiros pensadores, filósofos e teólogos franciscanos, em relação à natureza, e fixar sua atenção no modo de como as ciências individuais, ao longo dos séculos, levaram os franciscanos a observar o mundo. Tudo isso pode ser acompanhado, por meio de uma narração multimédia de vídeos, sons e imagens, que permite uma imersão sensorial e total na exposição. Deste modo, o público pode compreender melhor a obra de São Francisco, uma verdadeira expressão empática e fraterna sobre a Natureza; pode, ainda hoje, encontrar consonância com as aspirações de tantos homens e mulheres, para além da distância cronológica e cultural, com a composição do Cântico do Santo de Assis.
Encontro com a Criação
Frei Marco Moroni, custódio do Sagrado Convento de Assis, expressa a sua emoção ao descrever a criação do projeto: “É maravilhoso pensar que esta exposição foi inaugurada nas vésperas da festa de São Francisco, 4 de outubro, para ilustrar a intuição do Santo de Assis, desenvolvida ao longo dos séculos: o seu amor pela Criação é, antes de tudo, o seu amor pelo Criador”.
“Tudo isso, acrescenta o custódio do Convento, levou os frades, ao longo do tempo, a encontrar a Criação através do estudo da ciência, a botânica, a geologia, a astronomia. Todos estes temas podem ser abordados sob uma visão franciscana”. O ponto central da exposição, explica Frei Marco Moroni, é obviamente o texto do “Cântico das Criaturas”, escrito há 800 anos: “Trata-se de um texto que marcou, não apenas a história da literatura, mas também despertou uma sensibilidade e um olhar amoroso sobre a natureza, que, através dela, leva a louvar e agradecer a Deus”. Os textos expostos na exposição, diz ainda o frade, fazem parte do rico património, que o Sagrado Convento conservou ao longo dos anos, um “tesouro tão precioso, que decidimos compartilhar com o mundo”.
Proteção da Casa comum
Durante a conferência de imprensa, a prefeita de Assis, Stefania Proietti, explicou: “A importância deste projeto é imensa. O texto de São Francisco representa o louvor às criaturas, mas propõe também temas científicos além da oração: estes três níveis do homem medieval, mas também do moderno, são expostos juntamente com o conhecimento franciscano”.
Tal conhecimento, ao longo dos séculos, caracterizou-se como serviço e revolucionou a aprendizagem do saber. Os que seguiram Francisco despojaram-se de tudo, mas também colocaram os seus carismas e conhecimentos ao serviço para melhorar as condições do homem, especialmente dos mais frágeis.
Tudo isso faz parte da atualidade. A exposição representa bem a evolução da mensagem de São Francisco, em particular, no que diz respeito à proteção da Criação, uma necessidade para o presente e futuro da humanidade. Hoje, mais do que nunca, é essencial defender a nossa Casa comum, como sempre recorda o Papa Francisco.