No consistório marcado para este dia 30 de setembro de 2023, um capuchinho argentino, com 96 anos, será criado cardeal.
“Foi uma delicadeza do Papa. Continuarei a atender confissões.”
Depois de frei Raniero Cantalamessa, o pregador da Cúria Pontifícia, que, apesar de receber as insígnias cardinalícias, não quis ser ordenado bispo, este capuchinho argentino, com 96 anos, será mais um cardeal que vai continuar a usar o seu hábito religioso e a confessar, em cadeira de rodas, no santuário de Nossa Senhora de Pompeia, em Buenos Aires.
“Foi uma grande surpresa.” É assim que frei Luís Pascual Dri, capuchinho argentino, comenta a decisão do Papa Francisco de o fazer cardeal no Consistório de 30 de setembro. O religioso de 96 anos foi confessor do cardeal Jorge Mário Bergoglio, que como Papa o citou em várias ocasiões.
Desculpava-se com Jesus por ter perdoado muito
No domingo, 9 de julho, quando Francisco fez o seu anúncio no final do Angelus, frei Luís Dri, em cadeira de rodas, preparava-se para regressar ao seu lugar de confessor no Santuário de Nossa Senhora da Pompeia, em Buenos Aires, onde há muitos anos administra o Sacramento da Reconciliação várias horas ao longo do dia. Ao repórter do Vatican News, reconhece que ficou imensamente comovido. “Mas agora estou mais calmo. Para mim não faz nenhuma diferença”, diz ele, referindo-se ao facto de o Papa o ter incluído entre os 21 novos cardeais.
Mesmo cultivando uma antiga amizade com o Papa, nunca teria pensado que Francisco lhe havia de confiar esta nova missão. Dizendo-se infinitamente grato, considera este gesto “uma delicadeza”. E antecipou que, em breve, entraria em contato com o Santo Padre para lhe expressar sua gratidão.
Uma vida dedicada ao Sacramento da Reconciliação
No seu serviço à Igreja, o ministério da confissão foi o que sempre o apaixonou. “A primeira coisa é reconhecer que sou tão pecador como aquele que se aproxima de mim”, diz. Quando recebe pessoas que sofrem muito e estão sobrecarregadas com vários problemas, sente uma “grande alegria” em poder aliviá-las e dizer: “Em nome do Senhor eu te absolvo.”
O futuro cardeal convida-nos a recordar que Jesus Cristo nos torna justos ao perdoar-nos com a sua graça e lança a todos esta mensagem de encorajamento: “Vão em frente! Alegrem-se, sem medo, sem medo.” Revela-nos que fica “muito feliz” quando consegue fazer “um pouco mais” por quem sofre. “Esta é uma forma de encontrar a paz, a felicidade da vida.” Da sua cadeira de rodas, acolhe humildemente o chamamento de Francisco: “O Papa conhece os meus limites”, diz, sublinhando que está disposto a fazer tudo o que lhe for pedido e que continuará a doar-se de todo o coração, “com toda a minha cidade, não deixando ninguém fora da Igreja”.
Nunca desanimar, pois o Senhor está sempre perto de nós
Recordando a sua etapa pastoral no Uruguai, durante a qual, entre outras tarefas, foi educador no Colégio Secco Illa, o capuchinho conta que ainda hoje recebe saudações dos seus alunos, felizes pelos anos passados com ele. Garante que sempre buscou o respeito pelas pessoas, e não a imposição de regras rígidas. “Sejam idosos, avós, ou profissionais – diz, falando dos seus ex-alunos – escrevem-me a agradecer por aqueles tempos”.
No final, com voz paterna e serena, o religioso deixa algumas palavras de esperança aos ouvintes da Rádio Vaticano: Nestes tempos difíceis, na Igreja, na política, na cultura, na saúde, devemos confiar-nos a Jesus e a Maria, para que nos escutem e nos acompanhem. “Nunca o desânimo, nunca o pessimismo, nunca o desespero, porque o Senhor prometeu-nos: ‘Eu estarei sempre convosco até o fim dos tempos’. Ele está perto de nós.”