“Eu levantei o solidéu do papa, e lá estava a carta dele. Ele abriu um sorriso belíssimo e disse: ‘Bravíssimo! Mas você é um diabo!’''.

Um truque de cartas cuidadosamente planeado provocou risadas num recente encontro que o Papa Francisco teve com um grupo de franciscanos capuchinhos da região das Marcas, na Itália.

Enquanto os participantes da assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a Amazónia atualmente em andamento no Vaticano se reuniam em pequenos grupos de trabalho no dia 11 de outubro, o papa passou a manhã – cerca de três horas e meia – num diálogo informal e abrangente com mais de 70 capuchinhos.

Num longo momento de perguntas e respostas, eles conversaram sobre vocações, pobreza, perdão e evangelização.

E, então, o Pe. Gianfranco Priori deu um passo à frente.

O frade de 66 anos é reitor do Santuário de Nossa Senhora do Ambro, localizado no trecho Umbro-Marchigiano dos Apeninos. Mas ele também é conhecido como “Frate Mago” ou “Frade Mágico”, por causa de seus lendários truques de mágica.

O Papa Francisco disse-lhe: “Mostre-me o que você sabe fazer”.

“Eu comecei a jogar com um baralho de cartas de Piacenza”, disse o frade. “Perguntei ao papa se ele as conhecia. E ele disse que sim, que também as usam na Argentina.”

“Depois, mostrei-lhe todas as cartas, pedindo-lhe que pensasse numa, sem tocar-lhe. Coloquei o baralho nas suas mãos e pedi que ele dissesse ao público qual carta em que tinha pensado. Naquele momento, levantei o solidéu do papa, e lá estava a carta dele. Ele abriu um sorriso belíssimo e disse: ‘Bravíssimo! Mas você é um diabo!’”

Durante o truque de cartas, o Frade Mágico também falou com o papa sobre a “verdadeira magia”.

Em 2016, o Santuário de Nossa Senhora do Ambro, onde o frade é reitor, foi devastado por um terremoto. Em poucos meses, o padre capuchinho conseguiu recuperar a área.

Ele obteve um empréstimo privado de um milhão e meio de euros de um banco local e, em dezembro passado, reabriu a igreja. Isso ajudou a reavivar toda a economia local, que havia sido praticamente destruída com o encerramento do santuário.

Os moradores locais vêem toda a operação como um milagre, porque, nos últimos 10 meses, o santuário atraiu multidões de peregrinos e turistas muito maiores do que antes.

O Papa Francisco e os capuchinhos, depois, almoçaram juntos, e o papa autografou um livro sobre a vida do Frade Mágico.

Mas o frade-mágico capuchinho não foi embora sem antes convidar Francisco para visitar seu santuário mariano restaurado.

 

Reportagem de La Croix International.
Tradução de Moisés Sbardelotto para Instituto Humanitas Unisinos.